sexta-feira, 24 de abril de 2009


O QUARTO EM DESORDEM

Na curva perigosa dos cinqüenta
derrapei neste amor. Que dor! que pétala
sensível e secreta me atormenta
e me provoca à síntese da flor

que não se sabe como é feita: amor,
na quinta-essência da palavra, e mudo
de natural silêncio já não cabe
em tanto gesto de colher e amar

a nuvem que de ambígua se dilui
nesse objeto mais vago do que nuvem
e mais defeso, corpo! corpo, corpo,

verdade tão final, sede tão vária,
e esse cavalo solto pela cama,
a passear o peito de quem ama.

Carlos Drummond de Andrade

5 comentários:

  1. Arrasou, João: a poesia de Natal e de Minas no Rio.

    Abraço

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  2. Viva! Viva!
    Bom começo, meu caro.
    Em breve vou adicioná-lo
    à Feira de Blogues do Balaio.

    Um grande abraço.

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  3. obrigado, moacy. satisfeito estou com sua aprovação. grande abraço, joão

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  4. João na rua com Drummond: Copacabana em dia de sol. Mas a terra das dunas lhe chama. Avise quando chegar. Tenho lido você comentando meus poemas. Muito grato.

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  5. Ei João, saudade! Apareça no Sol. Abç

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