segunda-feira, 4 de maio de 2009

Das Cartas Náuticas, de Mário Ivo


XVI

D-e-a-r:

Sabe quando resta um gostinho amargo no céu da boca, na parte interna das bochechas, depois de uma manhã tardia?
Assim estou eu. Esse gostinho amargo navegando entre as gengivas.
Culpa do levantar-se tarde, o sol alto, os passarinhos nem mais cantando.
Cafeína e alcatrão.
Tudo aceso, luzes ainda por apagar, a brasa extinta.
As pedras frias.
O mar alto.
Nuvens.
Um pouco de névoa, maresia.
Restam ainda os restos do banquete para levar além
do rio.
Quem me levará além do rio?

Um comentário: